Ver-te com dedos
Palmas
Mãos
Verter-me então
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
O véio e o menino
E ocê vai ver, seu moço novo,
que a coisa mais triste do mundo,
quando a gente vai ficando
com mais primaveras vividas,
é que a gente perde
essa coisa tão boa
de se encantar
e que,
quando a gente, se encanta
mesmo depois de tantos encantos
é como se a gente quisesse ter
uma fome de vida
que num tem mais !
É gula!
Paixão, depois de um tempo, é gula de vida !
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Dá-me
teu querer assombrado
desarma
os botes
Fiquemos
calados
Descança
teu olhar trêmulo
em
meu desejo ávido
Deixemos
que caiam as folhas
atrasadas
do outono passado
O
tempo é ainda menino
correndo
ansioso dos passos
Eu
ouço a teu lado o apito
Acima
dos trilhos sejamos alados
Dá-me
tuas mãos ingênuas
para
voarmos sobre as cidades
Vejamos
juntos no horizonte marítimo
cada
signo da linguagem
Deixa-me
estar entre
o
bemol e o sustenido
Do
teu receio acalentado.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Busca
Quem conterá a nascente
dos vazios que me brotam
escondidos, escorrendo
pelas pedras medrosas
dos meus descaminhos
Quem iluminaria
minhas noites sombrias
com feixes reluzentes
de esperanças mesmo que vãs
Quem faria soar as cordas
ventar as saias
tocar a pele com a brisa
desaguar
Quem traria a calmaria
para ceiar em minha mesa
e se instalar como em vigília
ouvindo ternos acordes
Em que findaria a demanda
destas horas inférteis
de afeto devoluto
dos meus tacanhos dias
Quem me crucificaria
posto que morro e ressucito
pela redenção dos meus demônios
dos vazios que me brotam
escondidos, escorrendo
pelas pedras medrosas
dos meus descaminhos
Quem iluminaria
minhas noites sombrias
com feixes reluzentes
de esperanças mesmo que vãs
Quem faria soar as cordas
ventar as saias
tocar a pele com a brisa
desaguar
Quem traria a calmaria
para ceiar em minha mesa
e se instalar como em vigília
ouvindo ternos acordes
Em que findaria a demanda
destas horas inférteis
de afeto devoluto
dos meus tacanhos dias
Quem me crucificaria
posto que morro e ressucito
pela redenção dos meus demônios
domingo, 4 de novembro de 2012
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Cantiga de Ninar
querido meu
sonho hoje que flutuaremos contentes
sobre o mar de saudades
até que elas findem sem dor.
depois nos amaremos em memória
e acordaremos repletos
por mantermo-nos de medos livre
por querermo-nos sem pudor
sonho hoje que flutuaremos contentes
sobre o mar de saudades
até que elas findem sem dor.
depois nos amaremos em memória
e acordaremos repletos
por mantermo-nos de medos livre
por querermo-nos sem pudor
domingo, 9 de setembro de 2012
Luto
Nasce
morto mais um amor
desabitando a terra de mais um sorriso
não acompanha nenhum cortejo
enquanto desce a ladeira a caixa lacrada
contendo os versos escritos
A despeito do luto,
a vida comum segue seu ritmo
Só a doce florista derrama uma lágrima seca
e no canto do olhar, de longe assiste
Depois se volta para as flores que expõe
enfeitando no largo, o chão de pedras antigas
O que poderia ser
se fosse o morto semente?
Do outro lado da montanha
ainda chora o céu da aurora
Aqui velamos os corpos ocos
para fugir da fome dos vivos
E nos fechamos em nossas calmas...
pelas frestas da alma nos despedimos
Nasce morto mais outro amor
morre muda a voz do meu grito
desabitando a terra de mais um sorriso
não acompanha nenhum cortejo
enquanto desce a ladeira a caixa lacrada
contendo os versos escritos
A despeito do luto,
a vida comum segue seu ritmo
Só a doce florista derrama uma lágrima seca
e no canto do olhar, de longe assiste
Depois se volta para as flores que expõe
enfeitando no largo, o chão de pedras antigas
O que poderia ser
se fosse o morto semente?
Do outro lado da montanha
ainda chora o céu da aurora
Aqui velamos os corpos ocos
para fugir da fome dos vivos
E nos fechamos em nossas calmas...
pelas frestas da alma nos despedimos
Nasce morto mais outro amor
morre muda a voz do meu grito
Cansaço
Ando
cansada de mim
cansada
dos meus marejados olhos
da
tristeza melancólica que envolve meus sonhos
Ando
cansada da urgência
de
que descende meus atrasos
e
da estagnação que os gera
Ando
cansada da falta de simplicidade
e
das cortinas da alma
Ando
cansada das manhãs
e
das noites curtas
e
dos papeis grafados
Ando
cansada
Mas
sigo
Platonismo
Ele habita as minhas idéias
tem cheiro de juventude
o ideal
O corpo - Magro
moreno
A negra íris amplifica seu
brilho pelos cílios alongados
Essencialmente contingente
airoso... alado
sua arte pedrês de linhas
onduladas
pende das asas ansiosas
A rabugice é ancestral
seu pai é o mais velho de todos
Os cachos molduravam a boca
sedenta
quando a imagem se grafava na
minha pele
Pedi que me pintasse de carmim
doce, cedeu
O corte no tempo gentilmente
transcorreu lento
e o frio do mundo se aqueceu no
seu sopro
Não era um deus - era HOMEM
Não eram poderes, eram truques
Não creio de todo que ele
existiu
Mas afirmo :
Hoje...
Ele habita as minhas idéias"
Cantiga
Ah
saudade, sê gentil
encurta a distancia entre meu corpo febril
e o colo macio onde minh´alma descansa
Ah saudade, sê generosa
que se a falta é fome
eu tenho pressa
que a fome come
meu canto por dentro
ah saudade frutifica
transcreve em versos
a dor latente
faz das rimas o amor presente
ah saudade, por Deus, finda
que me falta o ar longe do leito
que o sol não basta
não me aquece direito
que eu já não suporto
essa dor no peito
encurta a distancia entre meu corpo febril
e o colo macio onde minh´alma descansa
Ah saudade, sê generosa
que se a falta é fome
eu tenho pressa
que a fome come
meu canto por dentro
ah saudade frutifica
transcreve em versos
a dor latente
faz das rimas o amor presente
ah saudade, por Deus, finda
que me falta o ar longe do leito
que o sol não basta
não me aquece direito
que eu já não suporto
essa dor no peito
Respeito
Respeitem
meus poucos cabelos brancos
são
neles que eu conto o tempo
Respeitem
meu compasso ralentado
os
meus dias não duram o mesmo que os teus
Respeitem
a minha voz
ela
é a única que me cala por dentro
Respeitem
a marca do meu sorriso
e
o desenho do meu choro
talhados
no rosto antigo
Cada
riso anunciou um grito
e
cada lagrima germinou meu solo
Respeitem
meu mal-estar
sou
prisioneira dele, não convidada
Dês
- respeitem meus versos
e
me provem se há outro modo de vida
Carta de Recomendação
Bom, comecemos,
desta vez, pelo principio
Façamos uma lista
e tracemos paralelos
Quantos anos tem
sua alma?
E por quanto tempo
precisa morrer para se ressuscitar?
Não, não é
inútil. É mister!
Qual o tamanho do
pote? Em ouro ou mágoa?
E o tamanho da
fome? De vida ou de desfiladeiro?
Há testamento?
Não. Não uso
armas brancas. Só roupas
Sou filha da noite
e nunca me calo
Tons bemóis ou
pastéis?
Ah, claro! Cores...
? azul. Claro. Azul claro
Sim, mantenho
lacunas
para que sejam
preenchidas
Cartas? De
recomendação, de despedida, de amores mortos?
As envia ou guarda?
Quantas são suas
estradas?
E teus livros,
lidos?
Toma, veste essas
lentes:
Terra à vista?
Aporto. E enraízo
Bebe alguma coisa?
Parece que a noite
não será tão curta quanto pretendíamos
Mas você não
precisa ficar, se não quiser
Eu aceito um café,
por favor.
Se pretende dizer
algo, melhor agora.
É da ansiedade dos
mortos a pressa dos vivos
Prefiro a loucura.
Sua lucidez é
também solitária?
Casado? Filhos?
Memórias? Medos?
Quantos?
Horas?
...
falta muito para
amanhã
morreremos hoje, de
certo
É, parece que não
traçamos muitos pontos em comum
Talvez tenhamos nos
enganado
Ou precipitado
Talvez seja melhor
pegarmos carona separados
Ou em lados
distintos da estrada
Quer que eu lhe
arranje um mapa?
Posso anotar, no
verso, meu endereço.
Minha memória é
tão fraca...
Você pode desenhar
seu rosto nesse papel?
Assim não
esquecerei de todo.
Saudade é um tempo
após a mágoa
Desejo é pressa no
ventre da alma.
Se me lembrar, lhe
enviarei pelo correio
Só as de alegria,
certo?
Se é assim que
prefere, talvez demore
Não tem tido a
mesma fartura
nas colheitas de
ultimamente
Sim, mas tudo vai
muito bem,
contentamento é o
que menos vende
e o comercio vem
enriquecendo a família.
Emergentes pela
procura do mercado!
Bom, fatalidades,
que as pode conter?
de qualquer modo
terá sido um prazer
depois que
adormecermos.
Mande recomendações
aos teus
diga-lhes que
guardo afeto contíguo
E quando nos virmos
novamente,
oxalá que não tão
breve,
que não nos
reconheçamos
para podermos, se
for viável,
recomeçarmos o
questionamento.
CARNAVAL
Desta vez não
haverá luto
É carnaval
Em cinzas culmina
Quarta feira
É carnaval
Minha doce
mascarada
Despe-te
É carnaval!
Não haverá choro
senão o do
bandolim
Não ouviremos
guitarras em solo
seremos sós
Não haverá negro
senão samba
É carnaval !
Descansemos bruxos
seremos todos
feiticeiros
E reinaremos Momos
abrandaremos medos
Seremos livres
Não haverá luto
nem cartas
Não se darão
despedidas
Não nascerão
urgências
Calma
É carnaval
Desfilemos
contentes
Desfilemos
à parte
Deliremos
pois é chegado
o tempo da fantasia
É carnaval!
Manhã Morrida
Amanheci morta
Vejam vocês que
triste contradição
Amanheci, sim,
Amanheci
A despeito pleno
dos deveres
Amanheci
Em sol, em céu, em
brisa
Amanheci
de tão sozinha,
plena
de tão valente,
medrosa
de tão disposta,
inerte
de tão vaidosa,
nua
de tanta coragem
Morta
Amanheci sem me
despedir
E morta me levanto
da cama
para um mundo de
compromissos
E morta sobrevivo a
mim
Morta destravo as
porta
prendo os cabelos
macios
E estou pronta para
o dia.
Quando longe
Me
fizeste covarde
Nessa
fuga inconseqüente
Que
me encontro
formas
do silêncio alternadas
espaçadamente
mero
insight insano
partiu
meu solo
De
onde um branco surgiu
Cortante
E
quase perdi o medo
E
quase me derramei em prece
E
quase viva
De
amor enfermo
Solidão de novo
De
volta ao antigo percurso
as
pedras amareladas no chão
datam
a idade da estrada
Me
despedi dele quando tomei o bonde,
me
sentei na beira mas paguei a passagem.
O
bonde ia no compasso choroso
e
os sobrados começaram a retomar suas cores
cores
de tempo
Houve
que até o instante do adeus
as
coisas eram de nuanças cinzas
como
as pausas...
fluorescentes
e
eram belas
e
eram poesia
e
eram tristes
e
eram de alegria
Houve
que o adeus
é
nada mais que parte do caminho
e
que eu o obedeço
Me
dizes
Caminhe
e
não saio ilesa da trilha
Nunca
saio ilesa
porque
se saísse
não
estaria em movimento
Se
sou, como de fato sou
Água
de mar
Imensa
Nunca,
de todo, estou estagnada
Houve
que o suicídio
ainda
era a opção mais sensata
no
momento em que o bonde flutuava;
e
eu flutuando acima dele
e
outro ele aquém
e
outros eus além
Houve
simplesmente
que
nossos caminhos
perdidos
não
se cruzaram mais
Busquei
ao redor -
sozinha
-
Calcei
asas
despi-me
dos sapatos
e
de alma nua
lancei-me
à morte
Diário de Receitas
Peguei
meu caderno de receitas
misturei
com as páginas do meu diário
Estou
tentando corrigir os erros
antes
de cometê-los
Mas
estagnado, o tempo passa corrido
eu
atada aos antigos
poetas
obscuros
que
são o que eu sou,
e
um fluxo histérico rio abaixo.
Procuro
pelos lençóis
no
leito vago
que
se instaurou no ventre do meu peito
e
sinto medo do coração infértil
e
mais medo ainda do contrário.
Sem
medidas
me
calo
FOTO DE PERFIL
Chove
fraco além das janelas
E
miro imponente perfil
E
me assombro
Quais
criaturas surgirão hoje
Da
inventiva memória?
Tudo
que no silêncio se cria
tem
certo gosto de medo escondido
em
outros temperos
em
outros saudosismos
Mas
afago meu vazio
enquanto sonho
prevendo
o último suspiro
Eis
que me arrebata,
de
seda branca,
a
esperança
E
a deusa me pega no colo
me
cobre, sutil
e
flutuante na chuva
me
mantém quente
cantiga de amigo
Estou selando meu
cavalo
Oh musa não chora
Reza em verso
Prenda minha
Que paixão não
perdura
Vou aos campos de
batalha
Você sabe, talvez
não volte
Se voltar serei o
homem
a quem olhas nesse
instante?
Não princesa
Não prometo
Nem viver nem
morrer por ti
Estarei inteiro ao
seu lado
Até o instante em
que partir
Levo comigo tua
forma
Lapidada em meu
desejo
E nas noites doídas
de guerra
Lembrarei dos
passeios de outrora
Que te entregavas a
mim em beijos
Anseio não que me
esqueças
Mas apenas que não
me esperes
Guarda meu cheiro
no baú de memórias
Em que guardas os
teus segredos
E assim se o
destino quiser
Princesa, deusa,
ninfa
Nessa vida ou em
outra
Te farei inteira
minha
Uma espécie de velhice
Primeira resposta:
“Toda saudade
é uma espécie de velhice,
como se o
obedecer do amor não fosse sempre o contrário”
UMA ESPÉCIE DE
VELHICE
Estou velho
e sou um homem
cansado
Há tantas coisas
que não posso entender
e que talvez as
entenderia se tivesse a alma jovem
Mas sou um homem
velho
e me sinto, de
fato, cansado
Soube ontem o que
me fez
perder a juventude
em ímpeto,
como um lançar-se
aos leões
inconseqüente,
Como se sobre a
biga,
que horizontal
corresse
enquanto dançassem
ao lado fadas
e eu as olhasse,
ignorando o precipício à frente,
como se o obedecer
da trilha
não fosse o chão
de pedras astrais,
e assim
displicentemente
avante seguisse,
e em eterno
instante
morresse voando...
como os pássaros
e continuasse vivo
como os velhos.
Me sento na varanda
no fim da tarde,
com meu cigarro,
e descanso vazio
Uma trégua à
loucura,
alimento à
saudade,
feliz envelheço
Exílio
Se
você me viu por aí
bradando
arrogante urro
não
tome por real presunção
mas
fora de mim são todos tão gigantes
que
às vezes é preciso gritar para se fazer ouvir
para
não se deixar pisar
Se
você me viu por aí
correndo
como os loucos em seus quartos
não
tome por insano frenesi
mas
sobreviver ao efêmero instante
desespera
quem não se viu ainda
grafada
numa subcamada
da
pele do outro
recém
tocada
Creia,
meu
real veneno existe
só
não há prontidão
nesses
tempos de medo do escuro
de
solidão cortante e dolorosa
Encontro
Um velho me pára na rua
fixa em meu olhar
como se invadisse meus sentimentos
depois
discorre sobre o preço dos remédios
e sai
no meio do argumento
andando e falando para o nada
Sigo também
olhar para baixo
vendo o desenho que as coxas fazem
sob o tecido da saia.
O velho sumiu
Deixando-me de herança
A solidão da angústia
inimigos rondam
em
um céu egoísta
que
escondera as estrelas,
em
um abraço mesquinho
que
privara o leito,
no
instante do susto
vida
e morte,
em
turbilhão
se
eternizam,
mesmo sem passado
ou
futuro
O
órfão moribundo
no
mesmo instante do susto
fez meu corpo
tremer em gozo
Quando as garras lhe escapam das mangas
Novos versos me
surgem na noite úmida...
Onde estarão os
transeuntes enquanto o chão se encharca?
Vê? Há um fio de
delicadeza escorrendo em seus lábios...
Vê! Não se faça
de malograda
Não venha gritar
seus ruídos de fera!!!
Respeita meu ninho
!
Nossos desesperos
não são parentes.
Os olhos que
visitam meu peito são cristalinos
Os seus me metem
medo.
Aqui somos os
mesmos quando cai a lua ou rompe o dia
Somos iguais aqui
mesmo mesquinhos,
mesmo rançosos,
Mesmo humanos...
com o orgulho de sê-lo.
Estamos em cio...
de vida
De risos, e
lágrimas claras de nascentes.
O que fez que lhes
escapassem as garras?
Aponte-as a quem
quiser.
Aqui somos os
mesmos quando cai a lua ou rompe o dia
Somos jardim e cada
pétala desse equilíbrio é muito sutil.
Vê... não é a
primeira vez que lhe escapam as unhas ferinas
Te arrepende...
reflete...
Senão em que
pernas vais ronronar
quando acabar o
pouco afeto que lhe cabe?
Estariam todas as
pernas tão insanas
A ponto de
esconder-se acima de teus pelos
E de tua curva
coluna sem ensejo?
Mira teu norte à
colheita
O plantio se dá em
gentileza
E espera, que a tua
pressa tem agora
Menos
valia
Revolta
Abre essa porta e
me encara
Anda!
Couraça
pré-moldada
Sobe às alturas
pra alcançar meu chão
Faz seus
esgarranchos ocos
Primeiro doçura e
orgasmos
Rimas batidas em
neve por último
Espumas...
Receita do seu amor
barato
Arquiteto de
palavras
Não é poeta
Não é nada
Segue seus ídolos
Sádicos
Os três reis magos
Esmurra a tampa do
pote de fel
E saliva
Quis me deixar
culpada
Quer me enlouquecer
Pra que tanta
dedicação à maldade
Se eu nem existo em
você
Abre a porta desse
peito
Em amor não há
contrato desfeito
Meu tempo vai o seu
te encontra
A vida ainda te
cobra as contas
Diz o ditado e eu
aguardo
Um dia é o da caça
Outro é do caçador
Se eu me perdi
nesse enredo
É que eu tenho
alma de poeta
Não de jogador
Fim de partida, é
sua a vitória
Meu troféu é o
desamparo
Tua sina é o
desamor
Viagem de Volta
Velejei
léguas e léguas
para
ancorar no mesmo cais
do
qual parti.
Faroleiro
guia
invade
luz no escuro mar do meu leito.
- Descer as velas...que não vento mais ao léu
Percorrendo
o porto
calma
meus
pés, meu corpo
reconhecem
cada espaço
desse
chão.
Clareia
o dia
indiferente
horizonte
Meus olhos não vêm fora
nada
de mim
O ciclo da vida tem mais de uma rodada
O
cais de partida é um
Outro
é o porto de chegada
Manhã
Às
vezes é preciso esperar amanhecer
para
ver à luz do dia
que
flores servem de alimento aos pássaros cantantes.
Às
vezes é preciso dormir profundo
imerso
em vazio
para
descansar o pulso
do
bombear corrido e sem compasso dos vagantes
Às
vezes é preciso escolher o momento certo para despertar
Um
delírio cortado ao meio pode teimar em eternidade
Mas,
às vezes, quando a alma é delicada...
Às
vezes, quando as cordas se corroem
E
os nós não se atam
Aí
é preciso AMANHECER-SE
Amante
Quero teu corpo moreno
Teu peito-colo
Teus pelos roçando a natureza dos meus
Quero teus cachos em minha nuca
Tuas mãos em minha cintura
E o eco doce do teu sussurro
Instigando mais meu desejo
Quero assim mesmo, sem compromisso, te revisitar com um
sorriso
Dizendo vem...
Quero as tuas confusões se calando em beijos
Quero tua pressa e sutileza
Ver teu instinto saltar do olhar
Gosto do espetacular que envolve essa trama
Essa efemeridade bacante
Dos encontros furtivos em noites sempre curtas
E o gosto do teu lábio, e o cheiro de sua pele
E o peso de tua mão que me aperta
Por vezes transita meu corpo em memória
Por vezes se dá por esquecido
Pela minha janela
Desperta meu corpo
pulsante
Enquanto lenta
rompe a aurora
Singelo pássaro me
observa
Inclina lateral
Seu bico ansioso
E me invade
Percorro o bosque
fresco
Ao som dos
murmúrios
E acordes de cordas
Galhos e folhas se
abrem para passagem da luz
Sublime altar
iluminado
O vento balança a
cúpula das arvores
E as folhas secas
deslizam em dó maior
Orquestra no meu
peito
Em mim também
acontecem coisas
Coisas de cores
Sentimentos sutis
Vencem vaidades
A vida é boa
Como o prazer dos
cabelos movidos lentos
pela brisa através
do rosto
tranqüila alegria
sorri em mim
e vislumbro a
crença na felicidade
Oco
O que poderia eu
fazer
Nesses dias em que
um oco me habita
Versos?
Fraquejam meus
dedos trêmulos
Pena e tinta
escorrem
Manchando a pauta
versada
Falta-me o canto
Falha o ar no fole
rouco
Sempre as mesmas
palavras
Recorrem as ânsias
Pensamentos
líquidos
A solidão ampara
Pequenas misérias
cotidianas
Tudo é vão
Pairo intocável
Com um frio
estridente
Arrogante mundo
A vida corre
Um verso contente
Minha
vida tem sido a trajetória de incidentes que me cortam
que
me sangram de prazer
Talvez
possa dizer que meu olhar adorne os fatos
Não
Meus
passos seguem a poesia... walking down the line
Surpresas
amanhecem na porta da minha vila
e
me sorriem
Beijos
meus roubados entre os transeuntes atônitos
enquanto
flutuo circular segurando flores
Abençoadas
tristeza e alegria
de
sentir-se por inteiro
Amigos
me encontram com cajados de peregrinos e saias de ventarolas
outros
me fazem musicas
Todos
em minha volta tem asas ou coroas de macela
e
eu os posso pentear os cabelos
Longe
do lar saudoso
onde
minha viola ocupa o quarto
e
minha falta presente
- fica
Nesse
infinito fluxo
caminho
meus passos calmos
calçando
sapatilhas de seda
brancas
como
a alma dos anjos
Hoje
Hoje
sinto a tranqüilidade
de
quem deita ao pé da arvore
num
dia de sol quente
Hoje
a cidade condescendente
flui
na mesma sutileza
que
a brisa toca meu rosto e levanta minha saia
Gesticulo com ternura
e
me sinto posando para o retrato
meu
peito paira
como
a gaivota sobre o céu do lago
e
caminho contente
como
quem flutua
reencontro
nos guardados a velha colcha de crochê por terminar
revejo
as cores que havia escolhido em tempos idos
pensando
que cores agora combinar?
não
sei se termino ou se desmonto
se
faço mil toquinhas de bebê
as
partes de mim quando se encontram
não
se servem mais
versos
soltos... sem destino
nas
noites insones sozinhas
colho
cravos amarelos pra enfeitar o frio das montanhas
paradoxais
sentimentos
a
escrita inconsciente enquanto a idade pesa nas costas
"as
raízes na marquise... eu tenho mais de vinte anos"
e a
busca incessante
sem
planos
plaino
vôo livre
qual
queda
lagrima
psicodélica
e a
alegria do mundo me irrita
não
me deixo ouvir as risadas alheias
fervo-as
em puro rancor
me
digo
qual
o quê?
me
pinto
estampado
sorriso superficial
enquanto
chora o ventre
enquanto
sou mortal
Melancolia
noites
frias
esperançosos
dias
a
vida tem sempre melodia
no
meio de montanhas cristalinas
um
surto de alegria
e
calmaria
mais
que palavras
companheiros
sonhos
próximos
verdadeiros
não
há tristezas
há
melancolia
e
ela é bela
ela
é a pura poesia
é preciso
preciso
de silêncio
de
flores e sambas
de
choros e canções
de
amores e paixões
preciso
de tempo
de
calma e acalanto
de
mãos envolvendo meus ombros
preciso
ser lida, ouvida, sentida
preciso
ser querida
preciso
de risos de criança
de
colos conhecidos
de
lagrimas alegres
e
tenho tudo o que preciso
Silêncio
meu
silencio habita o papel
grafando nele o que me corta
sou um peito vertendo sangue
sou um ventre que aborta
meu silencio é meu lamento
é meu choro, minha agonia
conheço o mundo real
e nele não há alegria
meu silencio existe às avessas
minha voz o explicita
há quem me enxergue fada
há quem me creia maldita
Meu silencio é minha navalha
abrindo os pulsos da vida
Meu silencio é minha morte
Minha eternidade sofrida
grafando nele o que me corta
sou um peito vertendo sangue
sou um ventre que aborta
meu silencio é meu lamento
é meu choro, minha agonia
conheço o mundo real
e nele não há alegria
meu silencio existe às avessas
minha voz o explicita
há quem me enxergue fada
há quem me creia maldita
Meu silencio é minha navalha
abrindo os pulsos da vida
Meu silencio é minha morte
Minha eternidade sofrida
bamba
me encanta a corda bamba
mas não andar sobre ela
gosto do vento que bate
no rosto
quando me atiro à
queda
Caindo me penso voar
meu corpo sem ossos não
quebra
abro os braços procuro
o chão
a queda é livre e
eterna
GRITO
há um grito mudo que percorre-me por dentro
por onde ele passa formiga meu sangue fervente
um pedido de socorro se dirige para dentro e fora
um lamento inútil
pranteando dissonantes vozes surdas
meus poros se comunicam
e os cantos de mim se acalantam
há um abraço vazio fazendo tocar
minhas mãos em minhas asas
uma réstia de delírio
um riso frenético
e um maldito grito mudo
a fora isso
corre o mundo
Vem Vida
Me
faz querer mais poesia
Vem vida, me arrebata
me deixa na boca o gosto doce do sangue pulsante
Vem vida, desestrutura
Me faz dançar no salão vazio
envolvendo meu peito no seu silêncio
Vem vida, me come
engole as medidas,
as rimas chorosas
as tardes eternas
os limites, os acordes
Vem vida, vem sem despedidas
sem culpa, sem sorte
sem juras desditas
Vem vida...
vem ser minha morte
Vem vida, me arrebata
me deixa na boca o gosto doce do sangue pulsante
Vem vida, desestrutura
Me faz dançar no salão vazio
envolvendo meu peito no seu silêncio
Vem vida, me come
engole as medidas,
as rimas chorosas
as tardes eternas
os limites, os acordes
Vem vida, vem sem despedidas
sem culpa, sem sorte
sem juras desditas
Vem vida...
vem ser minha morte
Cócegas
Fez
cócegas em minhas costas
não
percebi o que era de fato
um
cheiro de Tulasi me bateu na cara
fiquei
tonta
Retomada
a consciência eu era mais leve
e
maior, quase grande
espreguicei
e percebi que fazia ventar
espreguicei
de novo, e de novo
ventava
mais
ate
tirar meus pés do chão
Quando
abri minhas asas brancas pela primeira vez
fez
cócegas em minhas costas
e
eu voei
insone
te faço mil versos... te digo?
não devo... converso
te quero? ... nem te conheço!
te ignoro... te imagino
ai poema que corre na veia
só mesmo em ti desperto
tristeza? quem dera...
isso tudo é o mau da espera
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