sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Olho o homem que amei
e digo sem reação
Porque não mais o amo?
Que fizestes oh desalmando
Com todo amor que lhe tive devotado
Pra que saísse assim de mim
Orfandando meu peito vago
nesse deserto de desilusão?
Tantas noites em vigília
Tantas velas acesas, rezas, romarias
Novenas das mais circunstanciais
Delírios absortos em futuros projetados
Fremitos desejos por tanto tempo inalterado
Violentada me torno viúva
do afeto que lhe concedi
e o vazio se instaura do arrebalde ao ser
Os dias semitonam
as tardes sem porque
e a falta que se faz não é sua
mas da minha vontade de você.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

sofro de refluxo poético
um verso me estoura a goela
e volta ácido pra dentro de mim
dutos de dores caladas
nao digeridas, incompreendidas
dores de expectativas
de saudades e desejos mórbidos
um principe sórdido
a quem devoto incoerente
patético afeto mordaz
é a força motriz
de tal ato

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Verso besta de alegria
Quando eu nao tinha entendido voce
ainda mal te conhecia
Vim pedindo um monte de coisa
que eu achava que valia
Aos poucos fui entendendo seu tempo
todo cheio de magia
e no tempo fora do tempo
era quando eu te via
E passei a descansar
sob teu riso imenso de euforia
e ja não pedia mais nada
alem de ir onde ce ia
Mas voce se acostumou
a negar o que que eu nem pedia
sem sequer se tocar
que o que a boca falava
seu olhar, de bobo encantado
desdizia 
Causaste em mim
Desde de que me pus em seus bracos
Nascente de pranto
Irrevogavel
Pranto de contentamento
Pranteio delirante
Pranteio angustiada
Pranto de esperanca
E desde entao
So me faltaste

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Desde que te vi
com os olhos da alma
Cada passo que eu dou
eu sinto sua falta
Ainda divides minha cama durante as noites
Mesmo que sem seu corpo ou sua frieza
Dormes comigo em meu pensamento
Nesse luto de amor vivo
que vivo e luto como contra 
um instante infinito
Por mais rude possas ser
entrevejo fantasiosa
num balançar de dedos
minhas maos enlaçadas às suas
E anseio a escuridao celeste
para materializar-te Dulcinéa
entre meus lençois de algodão agreste
Mais completa sou em delírio
Mais feliz quando iludida
Deixe-me ao menos
com meus concretos sentimentos
Me olhava com olhos redondos
de criança intrometida e medrosa
quando ria parece que cabia
no branco dos dentes o infinito
andava dançando e era seguido
por legioes de elementais perdidos
mas sobretudo ele sabia
antes de qualquer um no mundo
qual era o som do cometa
e reproduzia
A chuva lavou meu gemido
Instaurou-se o vazio
Nas ruas solitarias, abandonadas, 
largas e ainda úmidas
caminho
sorrio
Ternura!
Instalou-se o vazio
Ouço o meu silêncio
e ainda mais silencio
pausa, acalme-se, reflete
Ancorou-se ao vazio
há doçura, há sossego
há paz, solidez
Avivou-se o vazio
Desde entao o metrômetro
so marcou saudade
de tempos idos

terça-feira, 10 de junho de 2014

Aportam delirios em meu peito vago
quando teu cheiro inedito me toca na brisa
Meu sonho de ti é delicado
Feito as ingenuas mãos que te desenhei
das quais espero o tenro toque
Teu contorno é um desvario
me aquecendo os sonhos
pelo alento
És palavra sentida
Te quero assaz e descabido
Te quero dia, tarde, ano
Te quero novo
e de novo
Tardes, noites, planos
Suscitas vida e és tão doce
que ver-te apenas, mesmo de longe
enaltece a poesia

domingo, 8 de junho de 2014

Aceito o que me vem, de bom grado
Essa fome, essa falta
Essa cheiura que transborda
Esse amor, esse acalanto
Essa prenda que me cora
Aceito a pausa e a doçura
Dos olhos dele nos meus
A ausencia de tudo
De um outro
Dos passos que nao dei
Aceito os sonhos que ainda nao tive
E essa imensidao de abismos
que desde sempre colecionei
Se no meu sonho ele vem
Alado, nariz de palhaço
Pirata ladrao com flores na mao
Quem vai ter coragem de dizer
que meu sonho é vão?
30 ciclones Dionisio, derrubaram e construiram mundos em mim
És quimera, Dionísio, Dulcinéa 
És paixão, dolorosa, singela
És delirio meu, és cólera, és festa
És nada sem meu invento
És meu intento
És cosmo
Ilusão
na menina dos meus olhos tinha um desenho
que eu nunca entendi o que
ate te ter nos braços 
e ver que o desenho era voce
precipício maior
é a palavra custosa
entre meu o labio e o teu

domingo, 20 de abril de 2014

Calamidade

não devia ser permitido
vir de uma vez
isso de sentir, ou de chover
coração da gente
não aguenta enxurrada